4/7/08

CEBs buscam maior visibilidade na Igreja e na sociedade

Compartimos con todos ustedes, la noticia en portugues, escrita por Dirceu Benincá, que realizó para la Conferencia Episcopal de Brasil.


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Um novo jeito, bem antigo e sempre atual de ser Igreja. Uma Igreja essencialmente comunitária, comprometida com a fé e a vida. É assim que as CEBs querem continuar sendo. Porém, desejam ampliar sua visibilidade. Neste sentido, os participantes do 8º encontro latino-americano e caribenho, reunidos em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, debateram ontem (04) estratégias de ação. O objetivo não é “aparecer por aparecer”, mas fortalecer princípios, práticas e lutas por uma nova Igreja e sociedade possíveis e necessárias.
“A Bíblia é, do começo ao fim, um grito pela vida. Alimentando-se e bebendo dessa fonte, as CEBs querem fazer repercutir os muitos gritos atuais pela vida”, afirmou padre Benedito Ferraro, assessor da equipe nacional das CEBs. Repercussão essa que precisa ser feita nas comunidades e na sociedade como um todo, através dos meios de comunicação (internet, boletim, jornal, rádio, televisão e outros), mas sobretudo pelas ações concretas, diretas e bem planejadas.
Os delegados e delegadas do encontro reconhecem que o nosso grande inimigo comum é o sistema neoliberal. Ele massacra os pobres, desrespeita as culturas dos povos e destrói o meio ambiente. Diante disso, defenderam o protagonismo das CEBs no campo político, social, econômico e ambiental. Sublinharam a importância de buscar alternativas por meio da organização e articulacão dos negros, indígenas, jovens, mulheres, trabalhadores e pobres em geral.
Enfatizou-se a necessidade de uma nova relação com a natureza, o incentivo à produção sócio-ecológica, à agricultura familiar e à economia solidária. Entre outros desafios, apareceram o combate aos grandes projetos das mineradoras, ao agronegócio e ao desmatamento. Para Tereza Cavalcanti, assessora da equipe nacional das CEBs, as causas sociais já foram incorporadas pelas comunidades. “As CEBs estão menos ´sindicalizadas´ que nos anos 80. Porém, sua luta continua. Desde o princípio lutaram pela reforma agrária, agregando a questão das culturas oprimidas, da mulher, dos deficientes, etc. Agora desembocam na ecologia porque elas buscam uma sociedade justa, igualitária e responsável”, observa Tereza.
O bispo D. Mosé Pontelo, de Cruzeiro do Sul, Acre, destaca que as diversas estratégias apontadas pelos participantes do 8º encontro vão na perspectiva de fazer aquilo que o Documento de Aparecida afirmou. Ele acredita que referidas estratégias poderão dar novo ritmo e mais ânimo às comunidades. “Para que as CEBs não envelheçam, devem envolver os jovens”, lembra. Depois acrescenta: “As CEBs não podem se desligar da instituição e não devem só ficar reclamando da falta de apoio de bispos e padres. Precisam caminhar com autonomia porque são a Igreja na base”.
Maria Elena de Severich, da Argentina, diz: “É muito importante perceber que os bispos apóiam o trabalho das CEBs diante dos diferentes problemas econômicos, sociais e ecológicos existentes em nossos países. Segundo ela, “não podemos ficar indiferentes diante dessa situação, já que aprendemos a articular a fé com a vida”. Sobre a problemática ecológica adverte: “Deus nos deixou a terra para que a cuidemos e a trabalhemos, mas sem contaminá-la e destruí-la. Temos que pensar também nas gerações futuras.”
Outra estratégia básica indicada nos trabalhos foi a formação. Ferraro sintetiza assim: “Uma formação integral, compreendendo os aspectos bíblico, teológico, econômico, político, ecológico, sociológico e histórico. Formação que possa dar uma consciência crítica e relançar a memória da luta de todos os povos; que permita aos agentes de pastoral ajudarem os grupos e comunidades a encontrarem alternativas para o sistema que está oprimindo em todos os cantos da América Latina e Caribe”
À tarde foram ouvidos depoimentos de pessoas engajadas que atuam em diferentes frentes. Falaram: representante das mulheres (Haiti), dos negros (República Domincana), da Pastoral Operária (Brasil), uma advogada que defende a causa das Mulheres da Praça de Maio (Argentina), uma jovem (Nicarágua), um camponês (Equador), uma religiosa (Bolívia) e um sacerdote (Paraguai). Tais experiências mostraram que já existe um acúmulo significativo de projetos, práticas, ganhos, conquistas e aprendizagens, o que pode ser utilizado como força para transformar muitas dificuldades e ameaças em oportunidades e alternativas. (Dirceu Benincá)





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